quarta-feira, 23 de março de 2016

Inimigo Invisível

March 21, 2016   -    A corrupção é um deles, e mortal, por sinal, também porque atinge diretamente a pobreza. Hoje, todavia, quero falar de outro inimigo: drogas. O mundo vive uma terceira guerra mundial, diferente da segunda apenas pelo fato de, naquela (2ª), nações lutavam contra nações. Nesta, a das drogas, nenhuma nação se levanta contra nação, mas todas lutam contra um só inimigo, e vão perdendo as batalhas. Em 2015, o Brasil contava 166 mil presos por drogas, ocupando o 4º lugar no ranking mundial. O gasto anual para manter esses presos ultrapassa R$ 3,5 bilhões. Isto representa 27% do total de sua população carcerária (616 mil). De todos os presos da América do Sul, o Brasil tem 60% deles. Significa que o Brasil reprime, com eficiência, o tráfico de drogas? Isto não é verdade. É que tem droga demais. Elas entram por todos os lugares da fronteira. A fronteira do Brasilcom os vizinhos mede aproximadamente 17 mil quilômetros. A faixa de fronteira corresponde a 150 quilômetros, equivalendo isto a 29% do território nacional. Todavia, apenas 13% dos policiais federais estão lotados em delegacias de faixa de fronteira. Com esse contingente, é humanamente impossível barrar a entrada de drogas e de armas. Não se compreende como uma delegacia de polícia federal, por exemplo, no Oiapoque (AP), divisa com a Guiana Francesa e o Suriname, possa ter apenas 14 agentes federais. Diga-se o mesmo em relação à delegacia de Tabatinga (AM), com menos de 30 policiais federais, região que faz divisa com a Venezuela, a Colômbia e o Peru, sendo os dois últimos países grandes exportadores de cocaína para o Brasil.  Não adianta o país tentar combater o tráfico sem olhar para a fronteira e marcar presença nela. Aumenta o tráfico de drogas e armas, cresce a criminalidade e dispara o consumo. A quantidade de menores de 18 anos viciados só no crack ultrapassa a 230 mil. Incluindo-se a cocaína, a maconha e outras drogas, o Brasil soma uma legião de dependentes químicos. O pior é que o país não disponibiliza estrutura adequada para tratamento dessa gente. Na área de saúde, as drogas causam um desastre. Só para citar um exemplo, de 1980 até 2015, em torno de 29 mil pessoas morreram porque pegaram AIDS através do consumo de drogas injetáveis, mediante o uso compartilhado de seringa. Isto tende a crescer. A cada ano, o Brasil passa a conviver com 30 mil novos casos de AIDS, o que representa um surgimento de mais 3 mil contágios através do uso compartilhado de seringas.Em conclusão, o Brasil precisa repensar sua frágil política sobre drogas, tanto na área de prevenção como na de recuperação e também na repressão. Caso contrário, esse país terá, em pouco tempo, uma legião de zumbis trafegando pelas ruas da vida.

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