quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Fisiologia do exercício voltada ao treinamento

Aborda bases fisiológicas até as análises do efeito local e sistêmico do exercício físico e em específico, do treinamento desportivo. Enfim, ser capaz de atuar em avaliação, prescrição e acompanhamento de programas de treinamento físico e desportivo da prevenção.

Seu treino tem fundamento fisiológico ou é na tentativa e erro? Conheça os parâmetros fisiológicos essenciais para um atleta e saiba como melhorar seu VO2max. Estaremos discutindo os aspectos importantes para o sucesso em esportes de longa duração. Todo início de ano se torna importante para qualquer atleta, independente de nível de condicionamento físico, realizar uma avaliação física. Quando falamos em avaliação física, necessitamos de muito mais informações que somente medidas antropométricas, circunferências e dobras cutâneas. Mais do que isto, precisamos conseguir visualizar como está o atleta do ponto de vista fisiológico.
Para isso, precisamos de uma avaliação física que identifique os seguintes parâmetros fisiológicos:

1) VO2max (Consumo máximo de Oxigênio);
2) vVO2max (Velocidade/intensidade associada ao VO2max);
3) Limiar 1 ou também chamado de limiar de lactato;
4) Limiar 2, ou também chamado limiar anaeróbio.

Mas porque encontrar em qual velocidade ocorre estes limiares e demais parâmetros? Eles são simplesmente a base de todo planejamento. Servirão de referência para a prescrição das intensidades adequadas de treinamento, das durações dos tiros em sessões de treinamento intervalado, no controle dos efeitos do treinamento e também na predição de performance.
Assim, por exemplo, um dos treinos mais comuns e questionados por fisiologistas e pesquisadores é porque os técnicos prescrevem treinos como 10 x 100m na natação, ou mesmo 5 x 1000m para 4 min na corrida? O questionamento se resume o porquê deste treino. De onde surgem, portanto, estas distâncias, repetições e intensidades. Você já se perguntou isso? Será que seu treino tem um fundamento fisiológico ou ainda você está treinando no método de tentativa e erro?
Enfim, pensando nisso, surgiu na França na década de 90 uma fisiologista chamada Veronique Billat, que pesquisa o quanto a fisiologia pode auxiliar na performance de esportes de longa duração. Segunda ela, todo treinamento deve ser pensado e construído a partir de parâmetros fisiológicos. E quando falamos de parâmetros fisiológicos precisamos compreender o que ocorre em nosso organismo nas intensidades correspondentes a cada um dos parâmetros citados acima.
Hoje iremos falar do Consumo Máximo de Oxigênio, também chamado de VO2max. Este parâmetro revela o quanto nosso organismo consegue captar, transportar e utilizar o oxigênio. Na verdade quanto mais oxigênio conseguimos captar (Sistema respiratório), transportar (Sistema cardiovascular) e utilizar (Sistema muscular), maior será nossa produção de energia e, consequentemente, maior será nossa chance de obter sucesso em esportes de longa duração.
Para termos uma idéia, corredores amadores que treinam a menos de 1 ano apresentam valores médios de 40 a 50 ml de Oxigênio consumido, para cada kilograma de peso corporal por minuto (ml/kg/min). Corredores bem treinados apresentam em torno de 60 a 65 ml/kg/min. A partir deste valor fica extremamente difícil conseguir aumentos significantes se não forem realizados treinos específicos para aumentar o VO2max.
Para dar um exemplo, um atleta X tinha, em 2002, um VO2max de 66 ml/kg/min, em 2004, no mesmo teste, alcançou um valor de 75 ml/kg/min. Em 2006, seus valores equiparam a de atletas olímpicos, 81 ml/kg/min.
Este progresso basicamente foi atingido graças às avaliações precisas, mas, principalmente, ao tipo de treinamento realizado, que devem apresentar as seguintes características:
- Os treinos para aumento mais significante do VO2max deve ser realizado na velocidade/intensidade que levou o atleta a atingir o VO2max. Como esta velocidade leva o indivíduo a exaustão em poucos minutos, segue a segunda etapa importante;
- Precisamos saber quanto tempo o atleta sustenta o exercício nesta velocidade (Tlim – tempo limite de exaustão). Normalmente se observa uma variação de 4 a 8 min. Assim, os treinos para melhora do VO2max devem ser feitos de maneira intervalada.
- Se recomenda que a duração dos tiros represente entre 60 a 75% do Tlim, com pausas para recuperação ativa com a mesma duração dos tiros.
- Só deve fazer este tipo de treino atletas que tem um bom nível de condicionamento. Do contrário, outros poderão se lesionar ou ter uma piora das funções imunes (mais fácil ficar doente). Pessoas que treinam a menos de 6 meses devem evitar este tipo de treino. Diversos estudos mostram que para os menos condicionados, treinos de baixa e moderada intensidade melhoram o VO2max.
- Recomenda-se que seja feita entre 4 a 7 repetições, visto que a reserva de glicogênio muscular (nosso combustível para esta intensidade) será esgotada com este tipo de treino. Quanto a frequência semanal, 1x na semana e no máximo 2x são suficientes para se conseguir progressos significantes.
- No que se refere ao tempo, se repetido este treino por até 1 mês, não há riscos evidentes de desenvolver o overtraining. Mais que 1 mês ininterrupto, tem sido mostrado aumentos dos níveis de repouso das catecolaminas (adrenalina, noradrenalina, cortisol), que são considerados hormônios do estresse e têm sido associados à síndrome do overtraining.
Sendo assim, os treinos na vVO2max podem ser feitos em blocos de até 4 semanas, seguidos de um período de recuperação ou treinos que trabalhem com intensidades mais baixas, para posteriormente voltar a repetir o treino para aumentar o VO2max.

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