sábado, 7 de maio de 2016

Você sabia que a Tailândia já foi uma potência mundial?

 Quando alguém fala em Tailândia, o que vem a sua cabeça? Mergulho em praia paradisíaca? Festa da Lua Cheia? O filme ‘Se Beber, Não Case! 2’? Pode ser. Mas isso, só hoje em dia porque se a mesma pergunta fosse feita uns 500 anos atrás, sabe o que possivelmente responderiam? Riqueza. Poder. Potência. E isso não é por causa de Bangcoc não, que naquela época não era a capital do Reino do Sião (era assim que a Tailândia era chamada antigamente). As respostas seriam por causa de uma cidade que talvez você nem saiba que exista no mapa: Ayutthaya (foto), a uma hora de Bangcoc. Nunca ouviu falar? Pois enquanto o Brasil estava sendo descoberto, lá no sudeste asiático ela já era uma das cidades mais importantes do mundo. Ayutthaya foi a capital do antigo Reino do Sião, que durou “só” 417 anos. A natureza deu uma mãozinha pra esse reinado tão longo: a cidade é cercada por água, por três rios. Não precisa ser nenhum expert pra perceber que a posição é estratégica. Comerciantes da Ásia e Europa chegavam de embarcações na “ilha”, que não é ilha, e a barganha rolava solta. Era tanta grana circulando por lá que a “Veneza do Leste”, como ficou conhecida, viveu sua época de ouro.   E aí, bora erguer templos e palácios pra mostrar a exuberância do reinado para o resto do mundo e deixar claro o prestígio dos reis. É um tal de Wat pra cá, Wat pra lá - palavra que significa templo - que até maratonista ia suar a camisa pra ver todos numa visita só. São mais de 400! Muitos têm tijolinhos vermelhos que nem precisam do sol para brilharem. Isso sem contar na infinidade de estátuas de Buda, uma até banhada a ouro. Coisa fina!  Só que um dia, todo esse glamour foi por água abaixo. O pau comeu com o exército da Birmânia (hoje, Mianmar), que arrasou Ayutthaya. A cidade ficou destruída, teve palácio que virou praticamente pó e um monte de estátuas foram decapitadas. Sério! A parte de cima das imagens foram arrancadas e se transformaram em Budas sem cabeça. Imagine o desrespeito que seria para os cristãos se tirassem a cabeça do nosso Cristo Redentor? Foi isso que fizeram com a imagem sagrada dos budistas. E não foi uma estátua só não. A mutilação rolou em série.    Mas teve uma cabeça que “milagrosamente” sobreviveu e foi parar num lugar surpreendente: numa árvore. As raízes abraçaram a cabeça do Buda (aqui, sem corpo) que, sabe-se lá como, permanece intacta. É como se a árvore e o pedaço da estátua fossem uma coisa só, desde sempre. Uma cabeça que mexe com a cabeça da gente.   Tem uma outra imagem que é a marca registrada de Ayutthaya. Vai dizer que você nunca viu esse Buda reclinado aí da foto? Ele tem mais 35m de comprimento e 8 de altura. Não tem ideia do tamanho? É só ver uma pessoa ao lado dele para entender o que a gente está falando. A estátua é tão grande que parece não caber na fotografia. Só depois de vários passos para trás - e incontáveis cliques frustrados - é que o corpo inteiro do Buda sai na foto. Já imaginou quantas revelações de negativos foram parar no lixo décadas atrás? (Se você já é da geração da fotografia digital e não faz ideia do que estamos falando, acredite: sabe quando você fica “p. da vida” porque perdeu preciosos minutos procurando o melhor ângulo e depois percebe que o pau de selfie apareceu na sua foto? A irritação pré-era digital era bem maior.   O buda reclinado é só um cantinho de uma cidade cujas ruínas se tornaram um patrimônio tombado pela UNESCO. Ayutthaya pode até não ter o mesmo apelo das praias desertas da Tailândia, nem dos cardumes coloridos do fundo do mar, e muito menos daqueles barcos decorados com fitas coloridas que enfeitam o papel parede da tela de computador ou de celular. Na cidade histórica, o passeio é de bicicleta ou de tuk tuk. E nada de mar pra refrescar a cabeça que, sim, vai esquentar! Mesmo assim, a gloriosa Ayutthaya continua magnífica.    

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