O estado de São Paulo vai receber centenas de atletas de todas as partes do mundo. Como não poderia deixar ser, a maior parte deles se concentrará na capital. Os paulistanos terão a oportunidade de acompanhar dez partidas do torneio de futebol, que serão realizadas na Arena Corinthians, em Itaquera, mesmo local da Copa. A cidade verá até disputa de medalha – o bronze do futebol será decidido no estádio corintiano. Além de muitas seleções olímpicas de futebol, as equipes de natação, nado sincronizado e vôlei de países como China, Japão e Itália também ficarão em São Paulo. Sócios de clubes particulares terão o privilégio de acompanhar treinos oficiais. Melhor ainda: alguns treinamentos serão abertos ao público, em agenda definida nas próximas semanas.
Um dos principais clubes formadores do Brasil, o Pinheiros abrigará 350 chineses de 14 esportes, o que corresponde a 70% da delegação total. O clube vai ceder suas instalações no período de 22 de julho a 15 de agosto. Lá, os chineses planejam treinar três horas pela manhã e outras três no período da tarde. “Os principais países começaram a procurar locais no Brasil por volta de dois anos atrás”, diz Roberto Cappellano, presidente do Pinheiros. “Antes de fechar com a China, fomos contatados pela Itália, França, Israel e Alemanha.”
A visita dos chineses renderá U$ 3,5 milhões ao Pinheiros. O dinheiro ajudou o clube a construir um novo campo de rúbgi e um espaço para o boxe, além de remodelar áreas já existentes para o badminton e tênis de mesa. Mais do que gerar receitas, o contato com atletas de ponta representa uma oportunidade de aprendizado. “Esperamos um intenso intercâmbio cultural entre essa potência olímpica e nossos atletas”, diz Cappellano. O clube também pretende envolver parte dos 40 mil associados no processo. “Vamos oferecer um programa de voluntariado para que os sócios nos ajudem na recepção da delegação”, afirma o presidente.
O Japão também marcará presença na capital paulista. Um dos clubes mais tradicionais da cidade, o Paineiras do Morumby receberá o time de nado sincronizado do país. As japonesas, donas de duas pratas e oito bronzes em Olimpíadas, fizeram em março um período de aclimatação. No início de agosto, a comitiva, formada por 20 pessoas, entre atletas, comissão técnica e acompanhantes, se instala definitivamente para os Jogos. “Fizemos um grande acordo e, em troca, eles vão permitir a interação de nossas atletas com a delegação”, diz Reginaldo Teixeira, gerente do departamento esportivo do Paineiras. “O Paineiras foi escolhido porque é um dos melhores do Brasil no nado sincronizado. Fomos para quatro Olimpíadas e estamos indo para a quinta.” A equipe japonesa de natação, formada por 55 pessoas, usará as instalações da Hebraica. O clube, que fica no bairro de Pinheiros, na zona oeste paulistana, também acolherá 25 atletas da delegação de Israel, além de integrantes das equipes de atletismo, judô e natação. Na zona norte da cidade, o Clube Espéria abrigará a seleção paralímpica de basquete em cadeira de rodas da Grã-Bretanha, que treinará por lá entre 24 de agosto e 1o de setembro.
Não será apenas a cidade de São Paulo que acolherá times estrangeiros. Em Santos, a Universidade Santa Cecília (Unisanta) vai receber a equipe de natação da Itália (entre 20 de julho e 3 de agosto) e a seleção japonesa de maratona aquática (de 3 a 10 de agosto). “Poucas piscinas olímpicas do país são cobertas, e nós temos uma delas”, diz Rosa do Carmo, coordenadora do departamento de natação da Unisanta. “Isso ajuda no inverno, período em que serão disputados os Jogos Olímpicos.” Detalhe: as brasileiras Ana Marcela Cunha e Poliana Okimoto, candidatas ao pódio na maratona aquática do Rio, treinam na Unisanta. Também no litoral paulista, no Guarujá, deverão ficar as delegações da Holanda de vôlei de praia (feminina e masculina), e da Croácia de tae kwon do e vela. Em Campinas, é esperada a seleção portuguesa de futebol, que assinou um pré-acordo em 2014, depois de sua estadia para a Copa do Mundo.
A Olimpíada do Rio não trará frutos financeiros apenas para os clubes. O Hotel Radisson, a três quarteirões do Pinheiros, terá 150 de seus 200 quartos reservados para o Comitê Olímpico Chinês entre 22 de julho e 15 de agosto. Nestes dois meses, espera-se uma grande movimentação no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Dos 11 mil atletas previstos para a Olimpíada, mais de 4 mil deverão passar por lá em conexão. O fluxo de turistas estrangeiros deverá aumentar sensivelmente na cidade durante o período dos Jogos. A secretaria municipal de turismo de São Paulo ainda não realizou projeções sobre o número de visitantes de outros países, mas não pretende ser surpreendida como foi durante a Copa de 2014. Antes do evento, as estimativas apontavam para 300 mil turistas vindos do exterior. O número, porém, superou os 500 mil. Obviamente, a Olimpíada paulista não terá força para atrair tanta gente (mesmo porque, haverá apenas competições de futebol). Ainda assim, muita gente vai aproveitar os Jogos no Rio para desfrutar da maior cidade do País.
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