quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Na contramão: PIB brasileiro recua enquanto economia mundial avança

12/12/2016 - As projeções de quanto o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve fechar em 2016 variaram ao longo do ano, mas a direção no gráfico se manteve sempre para o mesmo lado, para baixo. De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, o país deve registrar um recuo de 3,3% na atividade econômica em relação a 2015, ano em que já foi registrada uma queda de 3,8% sobre 2014, o pior resultado em 25 anos, segundo a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O que faz o PIB brasileiro destoar do restante do mundo. Já que o Fundo Monetário Internacional (FMI) indica crescimento de 3,1% para a economia mundial e para os países emergentes, projeta um avanço de 4,1%. “Isso mostra como nossa crise é resultado de um problema interno e como o Brasil nadou contra a corrente neste cenário”, diz Juliana Inhasz, economista e professora do Insper.
Para o país voltar aos trilhos e deixar de seguir na contramão do mundo, segundo Juliana, é essencial que o governo faça reformas estruturais visando, primeiro, frear o aumento da dívida pública, uma das grandes responsáveis pela elevada taxa de juros, atualmente em 14% ao ano.
“Se o governo conseguir efetivamente controlar seu endividamento, será possível reduzir gradativamente a Selic, o que estimulará o investimento e o aumento da capacidade produtiva. É provável que ao iniciar as mudanças e conseguir convencer a sociedade de seu comprometimento com a reversão da recessão econômica, acabe gerando efeitos positivos por conta da melhora das expectativas, o que pode incentivar a volta do crescimento, ainda que discreto”, afirma a economista.
Apesar de nominalmente o Brasil continuar crescendo, dado que em 2015 o PIB contabilizou R$ 5,904 trilhões contra R$ 5,521 trilhões em 2014, o que é levado em consideração para avaliar a saúde financeira de um país é o valor real, isto é, descontado a inflação, pois ela distorce os resultados.
Afinal de contas, o fato dos números aumentarem monetariamente não quer dizer que foi produzido mais no país, pode significar apenas que as mercadorias ficaram mais caras, já que o PIB considera somente o produto final, e desde 2014 o governo vem sofrendo para cumprir a meta da inflação. No ano passado, ela fechou em 10,67%, acima do teto de 6,5%. Neste ano, as projeções apontam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar em 6,88%, longe do objetivo central de 4,5%.
A economista explica que uma produção sem pressão sobre os preços, que gera uma taxa de crescimento sustentável, “só é possível com aumento da capacidade instalada e para isso é fundamental que os investimentos aumentem”, conclui.
Ano novo, vida nova
Para 2017, as estimativas estão mais otimistas e o mercado financeiro espera um crescimento de 1,21% para o PIB e uma inflação de 5%. Além de uma taxa básica de juros menor, com a Selic a 10,75% ao ano.
Por Daiane Brito

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