domingo, 21 de agosto de 2016

Prometeu ir à final para realizar sonho de Maicon

21/08/2016 - Por mais dolorosa que tenha sido, a queda de Maicon Andrade nas quartas de final da Olimpíada ajudou a fortalecer o tênue laço de amizade entre ele, o anfitrião, e seu algoz nos Jogos Rio 2016. O representante do Brasil na categoria acima de 80kg no taekwondo sucumbiu no mata-mata diante de Abdoulrazak Issoufou Alfaga, de Níger, e deu adeus à chance do ouro com a derrota por 6 a 1. Nos bastidores da área de combate, porém, uma promessa feita pelo rival africano ao anfitrião - de que chegaria à final para colocá-lo na repescagem - serviu de farol para construir a bem-sucedida busca do inédito bronze masculino na modalidade. As palavras do rival grifadas na memória de Maicon se tornaram motor da memorável campanha escrita por ele na Arena Carioca 3, na noite de sábado. - Ele (Alfaga) me falou que iria passar de fase por mim, para me ajudar. Assim que ele passou de fase, torci para ele conseguir me puxar (para a repescagem). Quando ele me puxou, sabia que ia ser medalhista olímpico. Ele é um atleta muito bom. Já tive a oportunidade de lutar com ele outras vezes e venci. Com determinação, ele foi melhor e conseguiu o resultado dele. Na saída da nossa luta, ele me desejou boa sorte e eu vi no olhar que ele ia conseguiria passar e me puxar. Foi um entrosamento muito forte. Quando eu senti isso, vi que tinha esperança e fui buscar meu bronze. Não foi a de medalha de ouro, mas foi a de bronze, e o peso é o mesmo – revelou Maicon em detalhes após se tornar, aos 23 anos, o primeiro brasileiro medalhista olímpico no taekwondo, unindo-se a Natália Falavigna, bronze em 2008. De algoz a salvador da pátria brasileira, Abdoulrazak Issoufou Alfaga precisou de apenas uma vitória, na semifinal, para dar uma forcinha ao colega Maicon Andrade, a quem havia concedido sua palavra. Nascido em Níger, país com pouquíssimas conquistas na história das Olimpíadas, Abdoulrazak acabou ficando com a medalha de prata após perder por 6 a 2 para Radik Isaev, do Azerbaijão, dono do ouro. A relação de fraternidade do terceiro colocado nos Jogos com o vice-campeão olímpico foi moldada, durante o ciclo, em função de encontros no circuito internacional. - Uma vez eu o venci no Aberto dos Estados Unidos, depois ele me venceu no Egito e o venci no país dele, com todo mundo o apoiando. Não fiquei feliz por ter sido quem fez isso. Se eu estivesse lutando no meu país e tivesse perdido, ficaria chateado também – analisou o grandalhão Abdoulrazak.
- Prometi a ele que o ajudaria me classificando para a final, e que ele iria para a repescagem. Maicon é um grande lutador, uma boa pessoa e tem um belo futuro pela frente – enfatizou.
Se o sonho de conquistar a medalha de ouro ficou pelo caminho para ambos, o espírito sadio de competição e o respeito pregado nas artes marciais, seguido à risca, coloca tanto o brasileiro quanto o africano no lugar mais alto do pódio.

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