quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Quem apoia e quem combate algumas das principais organizações do mundo

A organização se espalhou pelo mundo árabe, e, atualmente, existem grupos que se dizem afiliados ao Estado Islâmico em países como o Egito, Turquia, Kuwait, Arábia Saudita, Líbia, Tunísia, Palestina e Nigéria

08/01/2016  -   A definição de terrorismo atualmente é extremamente ampla e controversa. Diversos grupos que recorrem à violência armada podem ser classificados como terroristas por alguns grupos e Estados, enquanto são apoiados por outros. Pró-reitor acadêmico e professor de Relações Internacionais da Faculdade Belas Artes, Sidney Leite, afirma que "definir um terrorista não é uma tarefa fácil".  Compilar todos os grupos considerados terroristas no mundo inteiro é uma tarefa praticamente impossível. No entanto,  explicarei quem são alguns dos principais e por quem são apoiados e combatidos.
-  Estado Islâmico: o grupo terrorista do qual mais se ouve falar nos últimos tempos declarou um califado em regiões da Síria e do Iraque em 2014, e desde então vem chocando o mundo com execuções crueis e atentados violentos. O grupo conseguiu se expandir graças à instabilidade política gerada na Síria, com a guerra civil entre os rebeldes e as forças do ditador Bashar al Assad, e no Iraque, com o caos gerado após a invasão do país e a derrubada de Saddam Hussein pelos EUA em 2003. A organização se espalhou pelo mundo árabe, e, atualmente, existem grupos que se dizem afiliados ao Estado Islâmico em países como o Egito, Turquia, Kuwait, Arábia Saudita, Líbia, Tunísia, Palestina e Nigéria. A Arábia Saudita financia e fornece armas para diversos grupos rebeldes na Síria. Apesar de negar apoiar o Estado Islâmico, cerca de 2,5 mil cidadãos sauditas se incorporaram ao grupo terrorista até 2015, e milhões de dólares foram doados aos extremistas por milionários do país. Nos últimos meses de 2015, a Rússia também iniciou sua própria intervenção na Síria, declarando que iria atacar o Estado Islâmico. No entanto, surgiram relatos de ataques a bases rebeldes que lutam contra o ditador Bashar al Assad.

Al Assad é aliado da Rússia e está no poder na Síria desde 2000. Ele é acusado de diversos crimes humanitários relacionados à Guerra Civil Síria. O Irã, país de maioria muçulmana xiita, também apoia a permanência do ditador no poder na Síria.

O governo al Assad considera o Exército Livre da Síria como um grupo terrorista, assim como a Rússia. Já os países da coalizão liderada pelos EUA, não.

-  Al Qaeda: o grupo terrorista responsável pelos ataques de 11 de setembro também está presente no conflito sírio, por meio do grupo Frente al Nusra. A organização também não é apoiada por nenhum país formalmente, mas alguns meios de comunicação russos acusam os EUA de terem fornecido combate e armas para os extremistas. A Al Qaeda também está presente em outros conflitos e regiões do Oriente Médio e na África, principalmente no sul do Iêmen, Iraque, Mali, Magreb e Sahel, Líbia, Paquistão, dentre outros. Estados Unidos, União Europeia, Israel e a maioria dos países sunitas do Oriente Médio consideram a organização como terrorista.  Rússia e Irã não consideram o grupo, que luta pela destruição do Estado de Israel e tem o sul do Líbano como principal reduto, como terrorista.

- Curdos: os curdos são uma minoria étnica que reside no norte da Síria, norte do Iraque, oeste do Irã e, principalmente, no sul da Turquia. Na Síria, os curdos — considerados rebeldes pelo governo Bashar al Assad — conseguiram ganhar autonomia em regiões no norte do país, e lutam contra o avanço do Estado Islâmico em direção à Turquia. Já o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) atua intensamente na Turquia, e reivindica autonomia para os curdos que vivem no país. O grupo é considerado uma organização terrorista pela Turquia, assim como por alguns países ocidentais.

- Taleban: esse grupo fundamentalista islâmico chegou a governar efetivamente o Afeganistão entre 1996 e 2001, apesar de não ter seu governo reconhecido pela comunidade internacional. Apenas o vizinho Paquistão, onde o grupo também tem atuação, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita reconheceram a gestão do Taleban a frente do país. O Taleban é oficialmente considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, Rússia e União Europeia.

- Boko Haram: o grupo fundamentalista islâmico considerado o mais mortal do mundo em 2015 atua no norte da Nigéria e sul do Níger. Também em 2015, a organização declarou lealdade ao Estado Islâmico,

- Al Shabaab: no Quênia e na Somália, países localizados no leste da África, o grupo extremista Al Shabaab promove ações violentas para tentar impor a sharia (lei islâmica) na região.

- Península do Sinai: o grupo extremista islâmico que atua na região do Sinai, no Egito, é outro que declarou lealdade ao Estado Islâmico em 2015. O grupo ganhou destaque na mídia internacional ao assumir o atentado à bomba contra um avião russo que caiu na região do Sinai, semanas após o governo da Rússia iniciar os bombardeios contra redutos do Estado Islâmico na Síria.

- Houthis: os rebeldes xiitas que atuam contra o governo no Iêmen são combatidos pela coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita com o apoio dos Estados Unidos. A monarquia saudita e os Emirados Árabes Unidos os consideram terroristas. Por outro lado, o Irã, país de maioria xiita, apoia os rebeldes houthis.

- Países como Estados Unidos, União Europeia, Japão, Israel e Canadá consideram o Hamas uma organização terrorista. Outros países ocidentais consideram apenas o braço armado do grupo como terrorista. A Rússia e o Brasil, além de boa parte dos países do Oriente Médio, não consideram o Hamas terrorista.

- Irmandade Muçulmana: Essa organização política de viés islâmico sunita surgiu no Egito nos anos 1920 e influenciou a criação de diversos outros grupos islâmicos no mundo árabe nos anos seguintes, como o Hamas. A Irmandade luta pela imposição da sharia (lei islâmica) e é considerada uma das precursoras do terrorismo islâmico. Países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Barein, Rússia e Síria consideram a Irmandade Muçulmana uma organização terrorista .

- FARC: a guerrilha intitulada Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia atua há anos no país sul-americano, tendo assassinado milhares de pessoas e promovido atentados contra prédios e membros do governo colombiano. A Colômbia, assim como os Estados Unidos, a União Europeia e alguns países latinoamericanos consideram as FARC terroristas. Outros, inclusive o Brasil, não. Recentemente, as FARC e o governo colombiano deram um passo importante na direção de um acordo de paz, que deve ser assinado em março, e concordaram com os termos de reparação às vítimas do conflito.

- ELN (Exército de Libertação Nacional): o ELN é hoje o segundo maior grupo armado da Colômbia. De viés marxista, a organização foi fundada após a Revolução Cubana. Alguns países ocidentais, como Canadá e Estados Unidos, consideram o Exército de Libertação Nacional terrorista. Outros, como o falecido líder venezuelano Hugo Chávez, classificam-os como "insurgentes".

- Os rebeldes separatista  começaram as disputas com as autoridades na região dias após a queda do presidente ucraniano Víktor Yanukóvytch — alinhado políticamente com a Rússia — nos protestos que ficaram conhecidos como Euromaidan em 2014.

- Uigures: os uigures são uma minoria étnica chinesa, em sua maioria, islâmica, que luta por independência do país asiático. A etnia uigur está amplamente presente na região autônoma de Xinjiang, no oeste da China. Os uigures são constantemente oprimidos pelas autoridades chinesas, que tentam reprimir suas manifestações culturais e sua língua. Nos últimos meses, o número de atentados envolvendo uigures no oeste da China vem aumentando.
- A Rússia também é palco frequente de atentados terroristas. A maioria dos ataques vem de grupos que reivindicam autonomia para minorias étnicas ou para regiões, principalmente no Cáucaso.

- País de maioria hindu, a Índia frequentemente é atacada por terroristas extremistas e separatistas, como os Mujadihin do Decão. Regiões próximas das fronteiras, como o Estado do Punjab e a Caxemira, são alvos comuns de atentados.

- No Sri Lanka, os Tigres de Liberação do Tamil Eelam é um grupo armado que reivindica um Estado independente para o povo tâmil. As atividades da organização resultaram em uma guerra civil no país asiático que durou 26 anos.

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